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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Festa Macabra.

FESTA MACABRA


Uma banda de garagem tocando alto. Bebidas, cigarro e sexo rolavam sem a supervisão de um adulto responsável.
Uma festa de adolescentes que já tinha entrado na história de melhor festa do ano.

Uma figura estranha vinha andando na escura rua. Parou em frente a casa festeira. A maioria não prestou atenção nele. Mas alguns apontaram e riram. Afinal era engraçado um homem de terno verde mofo com uma flor presa no bolso e sapatos vermelhos de palhaços. O rosto todo pintado de branco, batom preto, puxando para os lados, fazendo uma expressão sorridente, o desenho das sobrancelhas fazia parecer que estava com raiva e nariz de palhaço era um toque especial. Os cabelos avermelhados cheio de gel jogados para trás.

Ele foi caminhando, entrando na casa. Fechou a porta, olhando tudo em volta. Ele foi para a sala de estar, até o palco improvisado em cima da mesa de jantar.

O palhaço subiu na mesa e empurrou o vocalista. Ele caiu com as costas no chão. Mas não se machucou, logo em seguida se levantou. O baterista parou de tocar. O guitarrista saiu antes que fosse empurrado.

Todos começaram a vaiar e jogaram copos de cerveja no palhaço.

Ele ignorou. Sorriu e disse ao microfone:

- Boa noite criançada!

Um garoto, que já estava bêbado. Querendo impressionar qualquer garota, subiu na mesa.

- Hei palhação, você errou de festa.

- Olha só, temos um voluntário! – exclamou o palhaço pegando o garoto pelo braço – Garoto, qual o seu nome?

- É Marcus. – respondeu o garoto sem entender porque ele estava respondendo

- Marcus! – gritou o palhaço – Menino Marcus, você gosta de mágica?

Antes que ele respondesse, o palhaço continuou a falar.

- Eu vou fazer uma mágica para você.

O palhaço pegou uma pinça do bolso. Enfiou no nariz de Marcus.

Todos gritaram horrorizados. Mas parecia que Marcus não sentia dor.

- Tádam! – gritou o palhaço puxando a pinça do nariz do garoto

Marcus coçou o nariz. Espirrou. Uma gosma acinzentada escorreu de seu nariz.

Todos fizeram careta de nojo.

Marcus sentou no chão com uma expressão de abobalhado com a gosma ainda escorrendo e chegando até sua boca.

O palhaço gargalhou.

- Quem será meu próximo ajudante?

Todos saíram correndo para a porta, mas ela estava trancada. A maçaneta nem girava.

O palhaço soltou uma gargalhada.

- Vocês não podem sair no meio do show.

O palhaço jogou a pinça num canto e botou as mãos nos bolsos.

Quando mostrou as mãos, tinha em cada uma, um testículo.

Todos gritaram enojados.

- não se preocupem meninas. Essas não são minhas. Alguém aí sente um vazio nas calças? – perguntou rindo

O garoto que tentava abrir a porta colocou a mão dentro da calça e ao notar que os testículos que o palhaço segurava eram os dele, saiu correndo gritando para o banheiro.

- Ah, pra quê o desespero? Eu vou devolver!

Ele começou a fazer malabarismo. Girava e até rolava no chão enquanto as bolas estavam no ar.

Marcus parecia ser o único que estava gostando. Sorria e batia palma como uma criança de dois anos.

- Tádam! – o palhaço fez uma pose e ficou esperando que os testículos caíssem em sua mão, mas quicaram em sua cabeça e rolaram pelo chão.

Alguns acharam engraçado. Mas conteram o riso.

- Ora bolas. – O palhaço saiu da pose e botou as mãos nos bolsos novamente.

Ele desceu da mesa e foi em direção a uma menina que estava mais próxima do palco. Quem estava próximo a ela, recuou uns passou.

- Como você se chama menininha? – perguntou o palhaço

- Letícia. – respondeu ela receosa.

- Oh, Letícia! Muito prazer.

Ele tirou a mão direita do bolso e estendeu para ela.

Ela, mesmo com medo, apertou a mão.

Uma corrente elétrica atravessou todo seu corpo. Seu cabelo ficou todo em pé. Seu corpo tremeu todo. Fumaça saía da mão que estava apertando a do palhaço.

Os outros olhavam aterrorizados. Não sabiam o que fazer, nem podiam tentar tirá-la.

O palhaço gargalhava e dava pulinhos.

Quando a soltou, ela caiu no chão ainda tremendo, saindo fumaça. A palma da mão em carne viva.

- Ela está pegando fogo!

Ele apertou a flor e um líquido amarelado saiu espirrando em todos que estavam em volta.

- Esse troço cheira a mijo! – exclamou um dos garotos que foi molhado

O palhaço continuava gargalhando. Foi saltitando até a mesa e subiu nela novamente.

- Bom criançada! Agora para o meu grand finale... Eu vou precisar de mais um voluntário.

Ele pegou o banquinho que o baterista usava e botou em cima da mesa.

- Vamos lá. Não sejam tímidos. Você! – ele apontou para um dos garotos que tentava ajudar Letícia. – É você mesmo. Venha aqui.

O garoto levantou do chão e andou até a mesa.

- Suba aqui, garoto. Não fique com medo. Eu não mordo. – ele deu um sorriso macabro mostrando os dentes amarelados e quebrados, alguns manchados de batom, outros podres.

O garoto subiu na mesa mesmo com medo.

- Diga, garoto, você gosta de marionete?

-É, gosto. – respondeu o garoto com a voz tremula

- Então o que acha de virar uma?!

O palhaço deu um tapa na testa do garoto e de repente ele caiu no chão, mole, mas fazendo barulho de madeira. Ele só conseguia mover os olhos.

Todos gritaram apavorados. Marcus continuava sentado num canto da mesa batendo palma.

O palhaço pegou o garoto-boneco, se sentou no banco e colocou o boneco em seu colo. Enfiou a mão por debaixo da camisa dele e ele começou a mover a cabeça.

- Eu tenho que dizer. Não sou muito bom em falar sem mexer a boca. – disse o palhaço sorrindo

- É, você é um merda mesmo. – disse o boneco, dava mesmo para notar a boca do palhaço se movendo, mas ele disfarçava bem. – O-ou. Olha a hora.

O palhaço olhou para seu relógio de pulso.

- É mesmo! Três horas. Hora de ir embora! – exclamou, se levantando, deixando cair de cara no chão o boneco-garoto – Então agora sim, meu grand finale.

Ele fez uns movimentos com as mãos, querendo causar mistério. Tirou o paletó, colocou em sua frente e jogou sobre si mesmo. Então o paletó caiu direto no chão. Ele havia desaparecido.

As luzes da casa piscaram. Quando voltaram ao normal. Todos se entreolharam. O garoto-boneco virara só garoto. A menina eletrocutada levantou do chão assustada, parecia bem, mas com os cabelos todos em pé. Marcus saiu de cima da mesa. Ele parecia não lembrar do que tinha acontecido. Só limpava a gosma de seu rosto na camisa. O garoto saiu do banheiro sentindo-se aliviado.

Um dos adolescentes foi até a porta. Girou a maçaneta e a porta se abriu tranquilamente.

Todos saíram correndo sem olhar para trás.

Foram para suas casas e não comentaram nunca mais sobre aquela festa macabra.

Fonte: Medo B

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